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Sorocaba, Quarta-feira, 2 de Abril de 2025

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Transporte público

Ônibus superlotados

Usuários reclamam do sistema municipal de transporte: aglomeração, poucas linhas em circulação e carros velhos são algumas queixas

29 de Março de 2025 às 21:00
Rotina, que já é cansativa, fica ainda mais desgastante com a espera em pé nos pontos e as viagens apertadas
Rotina, que já é cansativa, fica ainda mais desgastante com a espera em pé nos pontos e as viagens apertadas (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

Moradores de Sorocaba que dependem do transporte público enfrentam um problema antigo: ônibus lotados. Muitos saem de casa antes do sol nascer para atravessar a cidade e chegar ao trabalho a tempo, voltando só à noite. A rotina, que já é cansativa, fica ainda mais desgastante com a espera em pé nos pontos de ônibus e as viagens apertadas, acumulando horas sem descanso. Em alguns casos, as pessoas chegam a ser transportadas até nas escadas das portas dos veículos. O Cruzeiro do Sul acompanhou os passageiros de algumas linhas durante três dias — no início da manhã e no fim da tarde — e constatou que os ônibus circulam frequentemente cheios, tanto nos trajetos dos bairros até os terminais quanto no caminho de volta.

No dia 21, uma sexta-feira, por volta das 6h15, a equipe de reportagem do Cruzeiro pegou a linha Cajuru, na região do Alto da Boa Vista, sentido Terminal São Paulo. O veículo estava totalmente lotado e as pessoas que entravam depois precisavam ficar logo após a catraca. No Expresso, no Terminal São Paulo, a situação era a mesma. Ali, a linha chega e sai a todo o momento, mas sempre lotada.

No Terminal Santo Antônio também há longas filas de pessoas em várias linhas, entre elas a do Campolim que servem as avenidas Washington Luiz e Barão de Tatuí. Os veículos chegam, os passageiros embarcam e muitos ficam na escada, espremidos. A porta se fecha e é desta forma que seguem a viagem. Outros ônibus da mesma linha vêm logo em seguida, mas a cena sempre se repete — ônibus lotados.

Veículos maiores

O azulejista Jorge Machado, 59 anos, utiliza o Campolim todos os dias no início da manhã. Para ele, o tamanho do veículo deve ser ampliado. “É todos os dias da mesma maneira, sempre do mesmo jeito, neste horário é bem complicado. O ônibus vem com frequência, o problema é que está vindo veículos pequenos em um horário que precisa de um ônibus maior. O fluxo de pessoas é muito grande e não comporta”, conta.

Há relatos também de moradores da zona oeste. Alguns utilizam o Interbairros 301 e embarcam no Terminal do Ipiranga com destino ao Campolim. Há bastante oferta de ônibus no local, praticamente a cada dez minutos, mas, ainda assim, algumas pessoas vão em pé. “Normalmente, enche os de 6h50, 7h10, 7h15 e 7h35. Todos vão lotados. O de 7h25, que é o articulado, é o único que vai mais livre”, comenta Denysson Aparecido Dias, 36, motorista de depósito de gás.

A auxiliar de limpeza Nataly Cristina de Sousa, 24, utiliza a mesma linha todos os dias. “Vem lotado, principalmente o de 7h. Às vezes eu pego o de 7h30 porque dá para ir não tão apertada, mas acontece de ir gente na porta também”, relata.

Mesmo cenário

Na segunda-feira (24), o Cruzeiro do Sul chegou ao Terminal Santo Antônio por volta das 7h15. Na ocasião, a fila do Expresso, que liga um terminal ao outro, dava volta em uma das lanchonetes. No local foi possível notar também que uma das linhas com grande número de pessoas na fila era a do Progresso.

A encarregada de limpeza Solange Montanheiro Denise Martins, 46, trabalha durante a madrugada em um hospital e volta para a casa no período da manhã. Ela fica minutos a mais no terminal para aguardar a chegada do Paes de Linhares — uma alternativa para não pegar o Progresso lotado. “O outro ônibus [Progresso] é muito cheio, não tem condição. Fora no fim de semana que tiraram de novo o Progresso. Sábado e domingo não têm a linha dele”, reclama.

Redução nas linhas

Já a cuidadora Angela Ferreira Alves, 55, reclama da linha do Retiro São João. Ela conta que o ônibus de 7h45 chega atrasado. Além disso, o veículo é velho. “Ônibus ruim, velho, sem ar-condicionado e todos os dias está atrasando. Isso faz com que eu chegue atrasada no trabalho”, afirma. “Ele [se referindo ao ônibus] tem de sair 7h45 e, às vezes, chega 7h50. Se está atrasando, é porque retiraram ônibus. Está todo mundo aqui de prova. Pessoas que pegam todo dia comigo chegam atrasadas no trabalho.”

Tem de ficar em pé

Outra queixa é sobre a linha do Jardim Santa Rosália. Segundo os passageiros, idosos que utilizam o transporte para chegar à Policlínica Municipal de Especialistas fazem o trajeto em pé. Eles relatam também que houve redução na linha. Uma passageira que preferiu não se identificar disse que saía um Santa Rosália do terminal às 17h15 e agora não tem mais. Ela, então, utiliza outras linhas e conta que retiraram também o Lopes de Oliveira das 6h05, 6h40 e 6h55. A reclamante acrescenta que o Jardim Rodrigo é bastante lotado. “O Jardim Rodrigo não para em alguns pontos. Atrapalha muito a nossa vida, não tem condições”, diz.

Fim da tarde

O fim da tarde para quem utiliza o transporte público em Sorocaba é igualmente complicado devido à lotação. Na terça-feira (25), às 17h54, a equipe do Cruzeiro do Sul embarcou no ônibus do Campolim com destino ao Terminal Santo Antônio. Dois veículos da mesma linha fizeram o trajeto praticamente juntos. Aos poucos, a cada parada, o ônibus foi enchendo e chegou no terminal, por volta das 18h25, com diversos passageiros em pé. As filas no terminal neste horário são grandes, principalmente a do Parque Vitória Régia e a do Parque São Bento.

A promotora de vendas Clara Santos, 49, trabalha no Campolim e mora no Nova Sorocaba. Ela conta que tem a opção de pegar algumas linhas diferentes que saem do terminal e passam na avenida Ipanema, no entanto, todas, são lotadas. “Todos os ônibus são lotados, sem exceção. Pegamos todos os dias nesse estado”, conta.

Ainda conforme ela, nos últimos anos, com o novo corredor na avenida Ipanema, o tempo de viagem diminuiu, mas a lotação continua. “O BRT facilitou, porque o trajeto é mais rápido, mas a superlotação está demais.” Para Clara, uma alternativa para melhorar o problema, pelo menos neste trecho, seria a implantação de uma linha que saísse da avenida Ipanema e fosse direto para o Campolim e vice-versa. “A gente chega morta em casa. O que mais cansa é o ônibus, não é nem tanto trabalhar. A Ipanema precisa de um D200, da mesma forma que o Vitória Régia”, conclui.

 

Há quase 400 ônibus em circulação

 

A Urbes - Trânsito e Transportes alega que o transporte público municipal mantém uma frota de 394 ônibus, 100% adaptada e que opera em 129 linhas. Em 2020, eram 108 linhas e 300 ônibus. A empresa pública alega ainda que, por mês, em média, são transportados cerca de 4,5 milhões de passageiros e 180 mil a cada dia útil.

Diz ainda que nenhuma das linhas apontadas pelo Cruzeiro do Sul teve redução de frota ou de oferta de horários, que continua monitorando todo o sistema para garantir um serviço eficiente e que realiza intervenções necessárias com viagens extras de apoio nas linhas com maior concentração de usuários.

A Urbes explica que o modelo de transporte público adotado é composto por linhas troncais, alimentadoras e outras que se integram nas estações de transferência, possibilitando, entre inúmeros itinerários, exatamente que o usuário vá de um bairro para outro destino, pagando apenas uma tarifa.

Acrescenta que há miniterminais em operação em Brigadeiro Tobias, Éden, Cajuru, Aparecidinha e Jardim Tatiana. Os ônibus que operam nesses pontos, fazendo a ligação com a região central, são os mais modernos, articulados, com ar-condicionado, internet sem fio e entrada USB para carregamento de dispositivos eletrônicos.

Mais veículos

Já a Prefeitura de Sorocaba diz que, com a implantação dos corredores BRT — que prioriza a circulação dos ônibus —, o sistema ficou mais eficiente. Além disso, o transporte público passou a contar com 87 veículos articulados e superarticulados, ampliando a capacidade de transporte.

Além disso, destaca que a Urbes solicitou aos operadores a aquisição de veículos maiores, articulados, para ampliar a capacidade de transporte e oferecer melhor acomodação aos usuários. “As três empresas de transporte público [Consor, City e BRT] atuam de forma integrada, disponibilizando capacidade de veículos suficientes para a demanda.” 

ONDE SE INFORMAR?

Para informações sobre horários de ônibus os usuários podem consultar no site da Urbes (www.urbes.com.br) e os aplicativos Urbes e Cittamobi. Outro canal de atendimento, inclusive para questões relativas ao trânsito, é o telefone 118.

 

 

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