Buscar no Cruzeiro

Buscar

Pacientes de Sorocaba vão testar nova medicação no tratamento da Covid-19

28 de Julho de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Sorocabanos vão testar nova medicação no tratamento da Covid-19 Grupos de 10 a 20 pacientes da Santa Casa e da Unimed irão participar do trabalho científico. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (10/7/2020)

Pacientes com coronavírus de Sorocaba serão voluntários de um estudo de pesquisa clínica para testar a eficácia ou não de medicamentos de ponta no tratamento da Covid-19. O trabalho científico inédito está sendo realizado em pelo menos 40 hospitais de todo o mundo. E aqui estão incluídas instituições renomadas no Brasil, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e os hospitais Oswaldo Cruz e Albert Einstein, entre outros.

Na cidade, pacientes internados na Santa Casa e no hospital Dr. Miguel Soeiro (Unimed Sorocaba) irão participar dos testes com cinco medicamentos, sendo que dois deles ainda não estão disponíveis no mercado farmacêutico. Em Sorocaba, a pesquisa clínica é comandada pela equipe do médico alergista Martti Antila.

Cinco medicamentos

Segundo ele, dos cinco medicamentos que os pacientes irão receber, três já existem e são usados para outros tipos de tratamento, mas estão sendo testados em pesquisas científicas mundiais para o tratamento da Covid-19. São eles: Ruxolitinib, Acalabrutinib e Lenzilumab (Humanigen). Já outros dois medicamentos ainda não existem no mercado e são chamados de ANG-3777 (Angion) e BLD-2660 (Blade).

Sorocabanos vão testar nova medicação no tratamento da Covid-19 A equipe do médico alergista Martti Antila comanda a pesquisa clínica em Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (27/7/2020)

Antila explica que, dos cinco medicamentos, três deles (Ruxolitinib, ANG-3777 e BLD-2660) serão testados em pacientes que estão internados, mas que ainda não foram intubados. “A novidade desses tratamentos é exatamente tratar os pacientes antes que eles venham a necessitar de intubação e de leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)", comenta. E completa: "Assim, evitamos que eles evoluam para a forma mais grave da Covid-19, fiquem menos tempo internados em UTI e, consequentemente, reduzindo as chances de óbito”, afirma.

Estágio mais grave

Já em relação aos outros dois medicamentos (Acalabrutinib e Lenzilumab), o médico aponta que eles serão testados em pacientes que estão internados em estágio mais grave da doença. Ou seja, pacientes intubados -- para tentar reverter o estágio mais agressivo da Covid-19 e evitar óbitos. “Os medicamentos já foram testados com bons resultados nesses dois casos citados, em testes com pequenos grupos, como é recomendado em casos de pesquisa clínica", salienta.

"Agora, o estudo clínico precisa seguir as próximas etapas, ou seja, fazer testes com pacientes voluntários, em uma quantidade maior de pessoas, tanto nos EUA e Canadá, como na Europa, Japão, e outros países, como o Brasil”, afirma Martti.

O alergista destaca ainda que ele e sua equipe foram convidados por laboratórios farmacêuticos mundiais, como Novartis, para participar da pesquisa clínica, e foram aprovados por conta da estrutura atual existente em sua clínica, no bairro do Mangal, em Sorocaba, que é preparada e equipada para atender os requisitos necessários exigidos para a execução do trabalho científico.

Voluntários

O médico Martti Antila disse ainda que entre grupos de 10 a 20 pacientes, nos dois hospitais de Sorocaba, irão participar dos testes. Cada grupo com um tipo de medicamento. “Todos os pacientes que irão participar da pesquisa clínica assinaram um termo de consentimento e todo o processo foi detalhadamente explicado para cada um deles. Então, são todos voluntários, e além dos novos medicamentos eles também terão acesso ao tratamento já existente”, aponta o médico.

Só podem participar do trabalho científico pessoas a partir de 18 anos, que estejam internadas e tenham testado positivo para coronavírus. “Os testes começam nos próximos dias e devem ser concluídos até o mês de setembro. Os resultados serão publicados em artigos científicos que ficarão disponíveis para pesquisadores no mundo todo, fruto de uma pesquisa internacional. A principal vantagem de participar da pesquisa é ter acesso a medicamentos de ponta muito antes do remédio estar disponível nas farmácias”, finaliza Martti.

O médico é proprietário da Clínica de Alergia Martti Antila e também da Consultoria Médica e Pesquisa Clínica (CMPC). Além dele, os médicos Henrikki Antila e Rebeca Mussi Brugnolli e a coordenadora Simone Carla da Rosa Fernandes, entre outros membros da equipe, participam do estudo. (Ana Cláudia Martins)

Galeria

Confira a galeria de fotos