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Escassez do dinheiro

Banco Central trabalha para preservar poder de compra

Atual presidente do BC explica que alta do juro visa a escassez do dinheiro

29 de Março de 2025 às 21:02
Um dos papéis do BC é garantir o 
poder de compra da moeda
Um dos papéis do BC é garantir o poder de compra da moeda (Crédito: MARCELLO CASAL JR / AGÊNCIA BRASIL)

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, explicou na sexta-feira (28), à noite, o porquê de a autoridade monetária continuar elevando os juros, num movimento aparentemente antagônico ao interesse da sociedade. Ele disse que um dos papéis do BC é garantir o poder de compra da moeda e que a injeção de renda na economia, por mais desejável que seja, pode levar a um nível de inflação que mais à frente vai corroer o poder de compra das pessoas.

Ele acrescentou que para o BC, o crescimento no poder aquisitivo das pessoas “não pode ser a ponto de que a oferta e abundância de dinheiro se desfaça em um processo inflacionário que reduza o poder aquisitivo”.

Galípolo disse que quase sempre o presidente do Banco Central não é um sujeito simpático. Desde dezembro do ano passado, último mês da gestão de Roberto Campos Neto, a taxa básica de juros foi aumentada em 3 pontos porcentuais, para 14,25% ao ano, sendo que destes 3 pontos, 2 foram dados na gestão de Galípolo, que assumiu em janeiro deste ano a presidência do Banco Central.

Ao término da última reunião, feita no dia 19 deste mês, o comunicado que se seguiu sinalizava para a continuidade do aperto monetário, ainda que com aumento da Selic em magnitude menor do que o das últimas três reuniões do colegiado.

“Mas por que o Banco Central é o chato da festa? Porque ele é o sujeito que está preocupado em defender o poder aquisitivo e conduzir a escassez. Quando sobe a taxa de juros, ele está tentando transformar o dinheiro em algo mais escasso para que não perca valor, e ao não perder valor as pessoas não percam poder aquisitivo”, afirmou o banqueiro central.

Galípolo disse ainda que apesar de ser “esse cara chato”, o dinheiro guarda uma quantidade de sutilezas que afasta o BC e os economistas da lógica que as pessoas gostariam que fosse explanada.

“O Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização do Banco Central, que participa das nossas reuniões do Copom, o momento mais importante que nós temos na política monetária, sabe que tem arte no processo de decisão para além de números (...) porque tem uma reflexividade. Eu estou lidando com agentes que são outras pessoas e a opinião das pessoas sobre o que elas acham que vai acontecer importa. Não estou olhando para astros que se movimentam e não têm conhecimento de que estou olhando para eles”, disse.

De acordo com Galípolo, no âmbito das decisões de política monetária existe um processo de construção de convicções em que mesmo os números precisam, para ter algum tipo de aceitação, serem acreditados.

Na prática, Gabriel Galípolo explicou que era dessa maneira que Roberto Campos Neto conduziu o Banco Central entre 2019 e 2024. No entanto, o ex-presidente — que havia sido indicado por Jair Bolsonaro — foi alvo de sucessivas críticas do presidente Lula, cada vez que o Banco Central cumpria o seu papel, conforme explicou o atual mandatário do Banco Central. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)