Renato de Oliveira Camargo Junior
Relacionamentos Interpessoais: um desafio entre dois paradigmas

Há alguns anos, fui tremendamente impactado por um filme de Stanley Kubrick e Steven Spielberg, chamado Inteligência Artificial. Um filme de ficção científica, que contava a história de um robô, que queria tornar-se humano. Ele podia rir e chorar, mas queria sentir alegria e tristeza; ele podia ouvir e avaliar ordens, mas, na verdade, o que ele mais queria era amar e ser amado.
Esse filme é, na verdade, uma grande crítica à cultura “high tec e low touch”, que supervaloriza o desenvolvimento tecnológico, em detrimento do seu desenvolvimento emocional. Em outras palavras, temos perdido a capacidade de nos relacionarmos bem uns com os outros, seja no ambiente familiar, social ou profissional.
Ao ler a carta de Paulo aos cristãos que viviam na cidade de Éfeso, fiquei impressionado com a grande preocupação do apóstolo para com o relacionamento entre eles. Isto caracteriza um princípio teológico fundamental: fé que não desemboca em bons relacionamentos humanos não é fé cristã, não é espiritualidade genuína, baseada no modelo histórico de Jesus.
Nesse sentido, Paulo os exortou a não viverem mais como viviam os gentios. Ou seja, na inutilidade de seus pensamentos (4:17), na dureza de seus corações (4:18), na perda da sensibilidade (4:19) e na avidez para cometer impurezas (4:19). Essas disposições têm destruído os nossos relacionamentos, gerando um paradigma relacional arrogante, superficial, utilitarista e repleto de hedonismo.
Em seguida, Paulo apresentou um novo paradigma baseado na pessoa de Jesus. Ele consistia em sete princípios: o princípio da verdade, o princípio da contenção da ira, o princípio da preservação da honra alheia, o princípio da comunicação graciosa, o princípio da submissão ao Espírito, o princípio da bondade e o princípio do perdão. Esses princípios postos em prática redimem nossas relações.
Diante disso, precisamos responder a uma pergunta urgente: quem tem influenciado a maneira de nos relacionamos uns com os outros? O paradigma da cultura ou o paradigma da fé cristã?
Todos aqueles que se deixam orientar pelo paradigma cultural assumem total responsabilidade pelo sucesso em suas relações. Por outro lado, aqueles que se humilham diante de Deus e se permitem orientar pelos princípios dele contam com a bênção do Todo-Poderoso e com os seus suprimentos para poderem se relacionar com inteligência e amor com aqueles que estão ao seu redor.
Renato de Oliveira Camargo Junior é teólogo formado pelo Seminário Presbiteriano do Sul e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduado em Liderança pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor em Ministério pelo Missional Trainning Center, professor de Homilética e Prática da Pregação no Seminário Presbiteriano do Sul e pastor plantador da Comunidade Presbiteriana Campolim, em Sorocaba-SP.