Vulneráveis
Aumento de tarifas prejudica países pobres, afirma ONU
Presidente do Fed acredita que haverá alta da inflação nos EUA

O aumento das tarifas aduaneiras no mundo por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “atingirá os vulneráveis e os pobres” com maior intensidade, denunciou na sexta-feira (4) Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Cnuced). “É hora de cooperação, e não de uma escalada”, frisou Rebeca.
A secretária-geral da Cnuced acrescentou que “as regras de comércio mundial têm que evoluir para levar em conta os desafios atuais, mas devem ser feitas tendo a previsibilidade e o desenvolvimento no centro de suas preocupações, para proteger os mais vulneráveis”.
Apenas dez dos quase 200 parceiros comerciais dos Estados Unidos representam cerca de 90% de seu déficit comercial, afirmou a Cnuced em comunicado.
Os países menos avançados e insulares em desenvolvimento, responsáveis respectivamente por apenas 1,6% e 0,4% do déficit, também foram afetados pelo anúncio de Donald Trump em 2 de abril.
Essas nações pobres “não vão contribuir nem reequilibrar o déficit comercial, nem gerar receitas significativas”, de acordo com a Cnuced. “Em uma economia mundial com pouco crescimento e bastante endividada, o aumento das tarifas aduaneiras pode enfraquecer os investimentos e os fluxos comerciais, acrescentando incerteza a um contexto já frágil”, acrescenta o comunicado.
As tarifas alfandegárias introduzidas por Trump elevam o risco de desemprego e provavelmente vão aumentar a inflação, assim como provocar uma desaceleração no crescimento nos Estados Unidos, declarou na sexta-feira Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central americano.
“Agora está ficando claro que os aumentos de tarifas serão significativamente maiores do que o previsto”, assinalou Powell, em uma declaração por escrito. “É provável que o mesmo ocorra com os efeitos econômicos, que vão incluir uma inflação maior e uma desaceleração do crescimento”, afirmou, acrescentando que é “cedo demais” para considerar mudanças na política monetária americana.
As negociações para aliviar as tarifas anunciadas por Trump ocorrem nos bastidores. O governo americano alertou aos parceiros comerciais que não respondam às tarifas aduaneiras porque irão se expor ao risco de sofrer tarifas adicionais sobre suas exportações para os EUA. (AFP)