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Sorocaba, Sexta-feira, 18 de Abril de 2025

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Renato de Oliveira Camargo Junior

O pulso ainda pulsa

11 de Abril de 2025 às 22:00
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. (Crédito: FREEPIK)

No final dos anos 90, os Titãs, irreverente banda de música pop rock brasileira, lançou uma canção intitulada “O Pulso”. Para aqueles que não a conhecem, sua letra consta da citação de 48 doenças diferentes, intercalados por um coro, um tanto quanto nervoso, que diz: “E o pulso ainda pulsa!”.

A idéia de Marcelo Fromer, Arnaldo Antunes e Tone Belloto, autores da canção, era defender a tese de que a vida consiste numa luta constante contra inúmeros fungos, vírus e bactérias, espalhados pelo mundo, que conspiram contra a nossa saúde e contra o nosso bem-estar.

De fato, quando paramos para pensar, a quantidade de inimigos desta natureza, espalhados pelo mundo, são absurdos. Estima-se que atualmente existam de 1,5 milhões a 3,8 milhões de espécies de fungos, mais de um quadrilhão de vírus, e de 2Î1030 a 5Î1030 de bactérias na Terra.

Além desses inimigos, existem outros que, vez ou outra nos surpreendem, causando grandes males: cônjuges infiéis, filhos desobedientes, amigos irreverentes, patrões insensíveis, funcionários caloteiros, parentes interesseiros, dentre outros, que tentam drenar a nossa vitalidade.

Mas será que essa é a única verdade a respeito da nossa vida? Somos apenas seres lutando pela nossa sobrevivência e pela sobrevivência dos nossos familiares? Ou para além dessas buscas, existe também algo mais significativo e importante tentando nos fazer pulsar?

A resposta para este questionamento pode estar na reflexão sobre a vida de um dos personagens mais emblemáticos do Antigo Testamento (AT), o Rei Davi. Seu nome aparece mais de 600 vezes no AT e de 60 vezes no Novo Testamento (NT), e cuja existência histórica é provada a partir de dois achados arqueológicos: a Estela de Tel Dan e o selo talhado em rocha.

Durante toda sua vida, Davi experimentou altos e baixos. Provou da rejeição à popularidade, da afronta à vitória, da traição à ansiedade, da fuga ao reconhecimento, da tentação à vergonha, da culpa ao arrependimento, de tal forma a evidenciar, sim, a busca pela sobrevivência em todos esses contextos.

Mas, enquanto Davi lutava para manter o seu pulso pulsando, biologicamente falando, o Novo Testamento Bíblico revela, em Atos 13:22, que existia uma realidade transcendente: Deus estava em todos os episódios de sua vida, trabalhando para que o coração dele pulsasse conforme o Seu próprio coração.

Em outras palavras, não basta nos mantermos vivos biologicamente, ativos afetivamente, lucrativos profissionalmente. É necessário também que, em meio a tudo isso, descubramos uma forma de viver em consonância com o ritmo do coração de Deus, porque não existe uma outra maneira de viver uma vida bem vivida.

Na mesma direção, séculos mais tarde, Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância!” E, para isto, ofereceu a si mesmo. Através de sua morte na cruz, Jesus ofereceu o perdão que necessitamos em função da nossa vida autocentrada. E, através da sua ressurreição, o poder necessário para a nossa transformação.

Você consegue imaginar um mundo onde todas as pessoas, não apenas lutam para sobreviver, mas para que o pulsar de Deus seja uma realidade em seus corações através da paciência, da flexibilidade, da amabilidade, da compaixão e do amor? Pois, é exatamente este mundo que Deus está determinado a resgatar.

Diante disso, permita que o Senhor se aproxime de você. Posicione seu rosto contra o peito Dele, a fim de ouvir o seu pulso e siga nesta mesma direção. Num primeiro momento, o resultado pode até ser estranho e descompassado, mas, à medida que o tempo for passando, você perceberá que o jeito Dele de viver é, e sempre será, melhor do que o nosso.

Renato de Oliveira Camargo Junior é teólogo formado pelo Seminário Presbiteriano do Sul e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduado em Liderança pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor em Ministério pelo Missional Training Center, professor de Homilética e Prática da Pregação no Seminário Presbiteriano do Sul e pastor plantador da Comunidade Presbiteriana Campolim, em Sorocaba.