A catarata é uma doença que afeta a visão, principalmente das pessoas mais idosas, e a cirurgia pode reverter o problema. O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), instituição filantrópica sem fins lucrativos fundada em 1979 e referência na região, realiza esse tipo de procedimento. Atualmente, são 700 cirurgias de catarata por mês, incluindo pacientes do SUS e particulares. A fila de espera em Sorocaba pelo SUS tem 4.122 pessoas.

“Nosso atendimento pelo SUS é de 60% em média, podendo variar entre 63% e 65%. Essa restrição ocorre devido ao teto financeiro que recebemos. O restante é demanda livre, de particulares”, explica Edil Vidal de Souza, superintendente do BOS.

Um novo contrato assinado recentemente promete aumentar esse limite a partir de abril. Atualmente, 200 a 400 cirurgias mensais são feitas pelo SUS. Com o ajuste, o números de atendimento do mês que vem já aumentam e podem chegar a 600 no segundo semestre. Em maio de 2023, a fila tinha 3.045 pessoas, com alguns esperando desde 2022.

“A demanda é enorme. O contrato permitirá praticamente dobrar o número de cirurgias, não só de catarata, mas também de retina, que é outra que tem uma demanda grande”, afirma o superintendente. Segundo ele, o BOS pode atingir até 900 cirurgias eletivas mensais, aproximando-se do parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS), de mil cirurgias por milhão de habitantes. “Nos próximos meses, teremos um equilíbrio melhor, mas a fila não para de crescer”, completa.

Estrutura

O BOS realiza 2 mil cirurgias mensais (em todas as especialidades). Para ampliar a capacidade, a instituição reorganizará horários e expandirá sua estrutura, passando de 10 para 18 salas de médio/grande porte e de 13 para 14 salas pequenas. “Vamos precisar, pois o número de atendimentos no geral pode chegar a mil”, explica Edil Vidal de Souza. O plano diretor da instituição já está sendo revisado, com readequação dos ambulatórios e das estruturas de modo geral.

Em outubro de 2024, um incidente em Taquaritinga, interior de São Paulo, deixou 12 idosos com perda parcial ou total da visão após cirurgias de catarata. Quanto a isso, o superintendente garante que o BOS segue rigorosos protocolos de segurança, sendo certificado pela (Organização Nacional de Acreditação (ONA) há 20 anos. “Somos o primeiro hospital do Brasil com essa certificação, que exige qualificação contínua dos profissionais”, destaca.

“Um de seus grandes diferenciais é a exigência de qualificação de profissionais”, aponta. O superintendente do BOS explica que quando a unidade médica que faz mutirões não é de especialistas o serviço sai da rotina deles, e a chance de ocorrer erros e falhas nas esterilizações e medicamentos é maior, “sem falar nos mutirões volantes”.

Como ser atendido

Os pacientes via SUS sem urgência são encaminhados ao BOS pela unidade médica municipal ou estadual, com os procedimentos protocolares de cada um deles, entrando na fila comum de atendimento. Em casos de urgência, o BOS conta com suporte médico para atendê-los. No caso de pacientes particulares, o atendimento é de livre demanda.

De acordo com o superintendente do BOS, toda a base de informações é repassada para as autoridades médicas estaduais, que verificam todos os processos de trabalho realizados. Ele reforça que não há como “furar a fila”. Por ser uma instituição filantrópica, o hospital não pode deixar de atender os mais de 60% via SUS. “Projetamos chegar até aos 80% com o passar dos anos”, diz Souza.

A Prefeitura de Sorocaba informa que busca recursos por meio de parcerias para contribuir com a ampliação das cirurgias de catarata na cidade. “Compreendendo a importância de um trabalho conjunto entre as esferas de governo em prol da população, (o município) está buscando parceiros no terceiro setor, bem como emendas para contribuir com o Estado na redução dessa demanda. Assim que houver atualização sobre este tema, haverá ampla divulgação”, afirma a administração municipal.