Saúde
Perda auditiva pode agravar ou até mesmo provocar doenças emocionais
Existe uma relação direta entre saúde auditiva e bem-estar emocional. Estudos indicam que a perda auditiva não afeta apenas a capacidade de comunicação, mas também pode desencadear, ou agravar, uma série de transtornos emocionais, como ansiedade, depressão e, até mesmo, o isolamento social.
É o que explica Vanessa Gardini, fonoaudióloga especialista em reabilitação auditiva, da Pró-Ouvir Aparelhos Auditivos, de Sorocaba (SP). De acordo com ela, a perda auditiva, principalmente em adultos e idosos, costuma afetar a capacidade de interação social. Segundo a especialista, “os indivíduos que começam a perder a audição tendem a se afastar de situações sociais, pois têm dificuldade em acompanhar conversas e acabam se sentindo deslocados. Isso pode causar uma sensação de frustração e, eventualmente, resultar em um quadro de ansiedade ou depressão”.
A doutora ainda explica que a comunicação é essencial para a nossa conexão com o mundo e, quando essa capacidade é comprometida, a autoestima e a confiança também sofrem abalos significativos. Por isso, é importante identificar sinais de que a perda auditiva pode estar afetando o estado emocional do paciente. “O isolamento social é um dos primeiros indícios. Muitas vezes, a pessoa evita reuniões familiares ou encontros com amigos porque sente constrangimento ou desconforto por não conseguir acompanhar as conversas”.
Outros sinais de que há algo não está bem, é a irritabilidade constante, especialmente após conversas em ambientes ruidosos; dificuldade em manter o foco ou sentir-se cansado rapidamente, após interações sociais; desmotivação para realizar atividades diárias; aumento da dependência de outras pessoas para interpretar ou repetir informações.
Diagnóstico precoce
A fonoaudióloga ressalta a importância do diagnóstico precoce para evitar ou minimizar o impacto da perda auditiva na saúde mental. “Quanto mais cedo a perda auditiva for identificada, maior será a chance de evitar complicações emocionais. A reabilitação auditiva pode devolver a capacidade de comunicação ao paciente e, com isso, reduzir o risco do desenvolvimento de transtornos, como a depressão”, frisa.
A especialista explica que exames audiométricos regulares são essenciais, especialmente para pessoas acima dos 50 anos ou para aquelas que estão frequentemente expostas a ruídos altos. Quando é identificada a necessidade do uso de um aparelho, é preciso optar pelo uso.
“O aparelho auditivo não só devolve a capacidade de ouvir, como também ajuda o paciente a retomar sua vida social, o que impacta diretamente no seu bem-estar emocional”, afirma Vanessa Gardini.
Mas apenas isso não basta, pois o paciente precisa se adaptar a nova situação e até mesmo receber suporte psicológico, quando necessário. “Muitas vezes, a demora na reabilitação auditiva gera problemas sérios como depressão e crises de ansiedade que devem ser tratados em conjunto com psicológos “, comenta.
A especialista destaca algumas orientações para quem deseja cuidar, tanto da saúde auditiva, quanto emocional. Entre eles estão exames regulares, exames audiométricos anuais ou conforme recomendação médica; proteção contra ruídos; evitar a exposição prolongada a sons muito altos e usar protetores auditivos em ambientes ruidosos são medidas essenciais para prevenir a perda auditiva; mesmo diante de dificuldades auditivas, é importante que as pessoas continuem engajadas em atividades sociais, para manter o bem-estar emocional. Mas principalmente, ao notar qualquer sinal de perda auditiva ou alteração no estado emocional, procurar um especialista. A intervenção precoce é fundamental para evitar complicações maiores.
“A perda auditiva é uma condição que vai muito além da audição. Ela pode impactar diretamente na saúde emocional, levando a sérias consequências, se não for tratada. A relação entre audição e emoções está intrinsecamente ligada à nossa qualidade de vida e à capacidade de manter conexões sociais saudáveis. Identificar os sinais e buscar ajuda, o quanto antes, pode fazer toda a diferença, não só na audição, mas também no bem-estar emocional. Cuidar da audição é cuidar da saúde mental”, conclui a especialista. (Da Redação)