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Saúde

Estudo inédito mostra eficiência do programa de rastreamento baseado em DNA-HPV para diagnóstico precoce de câncer de colo de útero

Trabalho foi realizado em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas; exame tem sensibilidade elevada e detecta desde lesões precursoras até cânceres já estabelecidos no organismo das mulheres

12 de Novembro de 2024 às 22:28
Cruzeiro do Sul [email protected]
O Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Prefeitura de Indaiatuba realizaram a pesquisa
O Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Prefeitura de Indaiatuba realizaram a pesquisa (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Um estudo inédito realizado em Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), consolidou recentemente os resultados da primeira rodada de cinco anos do programa organizado de rastreamento de câncer de colo de útero baseado na testagem de DNA-HPV por PCR (outubro de 2017 a setembro de 2022). Os resultados encontrados foram promissores, e podem ser um modelo de transição para um programa mais eficiente para erradicação do câncer de colo de útero no Brasil, sobretudo no contexto de atualização das diretrizes nacionais de rastreamento de câncer de colo de útero.

Publicado na revista Nature Scientific Reports, ele apontou um aumento de detecção em até quatro vezes de lesões pré-cancerosas, além de 83% dos casos de câncer de colo de útero serem detectados em estágio inicial e o diagnóstico ter sido antecipado em 10 anos, em comparação com o rastreamento convencional realizado através do teste de Papanicolaou. O câncer de colo de útero, embora quase 100% prevenível, hoje se apresenta como o terceiro câncer mais comum entre as mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma. A causa mais comum para o câncer de colo de útero são as infecções persistentes pelo vírus HPV, transmitido por contato pele-a-pele, principalmente na região genital.

O estudo foi realizado pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Prefeitura Municipal de Indaiatuba, cidade do interior de São Paulo de mais de 260 mil habitantes, com o apoio da Roche Diagnóstica. Nele, foram rastreadas 20.551 mulheres por teste de DNA-HPV excluindo o período da pandemia de Covid-19 que causou prejuízo nos atendimentos e realização de exames a cobertura foi alta, atingindo 77,8% dos testes realizados em conformidade com a diretriz do programa, a conformidade com a faixa etária também foi elevada alcançando 99,4% dos testes realizados. O teste de DNA-HPV foi negativo em 87,2% dos casos testados, com 6,2% de encaminhamentos para colposcopia e 84,8% de colposcopias realizadas. Um total de 258 lesões precursoras de alto grau e 29 cânceres cervicais (idade média de 41,4 anos, sendo 83% em estágio I) foram detectados. Como referência, 41.387 testes de citologia, com Papanicolau, do programa anterior (2012-2016) detectaram 36 cânceres cervicais (idade média de 52 anos), com 67% em estágios avançados.

“Houve uma drástica inversão no panorama rotineiro de predomínio de diagnósticos de câncer de colo em estágios avançados para 60% de diagnósticos em estágios muito iniciais. São resultados que trazem um ganho muito grande para as mulheres e indicam, portanto, que mais vidas e recursos de saúde podem ser salvos no País com o programa de rastreamento de teste de DNA-HPV”, explica dr. Júlio Cesar Teixeira, pesquisador principal do estudo e diretor da Oncologia do Hospital da Mulher, CAISM, Unicamp. “Como uma empresa de biotecnologia 100% focada em inovação, ficamos felizes em apoiar um estudo tão importante quanto esse de Indaiatuba, que tem sido usado como base para implantação de programas de rastreamento de câncer de colo de útero no País”, afirma Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica no Brasil.

O teste de DNA-HPV é um exame eficiente com sensibilidade elevada que detecta o vírus HPV e suas variantes 16, 18 e 12 outros tipos de alto risco oncogênico, direcionando a população de maior risco associado para diagnóstico complementar de lesões precursoras ou câncer de colo de útero. Isso porque utiliza uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase) que mostra, de forma automatizada, a infecção por HPV mesmo antes do vírus transformar as células em pré-câncer ou câncer. O vírus HPV pode reduzir seu ciclo replicativo entrando em um estado “dormente” no organismo, o que é chamado de infecção persistente, e nunca se manifestar. Caso a paciente permaneça infectada por muitos anos, pode ter um risco maior de desenvolver um câncer de colo de útero do que aquela que elimina o vírus. O teste ainda permite que, quando o resultado dá negativo para os tipos de HPV causadores ou relacionados com câncer de colo de útero, a mulher pode aguardar cinco anos para refazê-lo. (Da Redação)