Educação sexual nas escolas
Paula Munhoz de Barros
De acordo com os dados de 2019 do Ministério da Saúde (MS), as infecções sexualmente transmissíveis (IST) continuam amplamente disseminadas e representam um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Entre os jovens, esses números são muito preocupantes, uma vez que, somente no período de 2010 a 2019, já foram notificados junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mais de 164.386 casos de infecções, incluindo HIV, hepatites B e C e sífilis adquirida e gestacional. Em Sorocaba, segundo os Indicadores Epidemiológicos do MS, até 2019, 641 casos de Aids na faixa etária de 15 a 24 anos foram registrados, e, segundo os mesmos indicadores, porém considerando várias faixas etárias, foram registrados 2.196 casos de hepatites B e C e 3.825 casos entre sífilis congênita e gestacional.
As hepatites B e C são transmitidas por via sexual, sanguínea ou durante a gestação. Estas doenças, caso não sejam adequadamente tratadas, podem evoluir para a cronicidade e causar quadros de inflamação hepática, fibrose, cirrose, carcinoma hepatocelular e até morte. Para a hepatite B existe vacina; mas, para a hepatite C, ainda não. Por isso, a prevenção deve ser feita por meio da redução ou eliminação de comportamentos de risco, como o contato com sangue contaminado, relação sexual desprotegida, compartilhamento de agulhas ou materiais perfurocortantes.
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o causador da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e pode ser transmitido por via sexual, sanguínea, durante a gestação ou aleitamento materno. Vale ressaltar que, com tratamento adequado, as chances de transmissão durante a gestação e/ou aleitamento materno são reduzidas drasticamente. O HIV afeta o sistema imunológico do portador, deixando-o mais susceptível a outras infecções, principalmente oportunistas, como pneumonias, tuberculose, toxoplasmose, entre outras. Ainda não existe cura, mas com o tratamento adequado, a qualidade de vida é boa, e o paciente deverá seguir realizando exames e sendo assistido por profissionais da saúde.
A sífilis é uma IST causada pela bactéria Treponema pallidum. Patógeno humano obrigatório, a transmissão é proveniente de relações sexuais ou via vertical (de mãe para filho durante gestação ou parto), e são denominadas, respectivamente, de adquirida e congênita. A sífilis gestacional pode causar aborto, óbito fetal ou morte neonatal. Quando não tratada, o bebê desenvolve sequelas como problemas mentais, surdez, anemia, hepatoesplenomegalia ou linfadenopatia.
Os adolescentes são particularmente muito vulneráveis às IST. E fatores como o início precoce da vida sexual, o sexo desprotegido, a exposição a drogas, tatuagens e piercing feitos por indivíduos não certificados e, infelizmente, a falta de informação e diálogo familiar e escolar contribuem para este cenário. Seria de vital importância que esse público fosse informado e apresentado às IST por meio da educação em saúde e de aulas sobre educação sexual. Por mais que existam campanhas de saúde visando à conscientização de adolescentes e demais estratos da população, a forma de comunicação com estes jovens precisa ser revisada e mais eficaz. A prevenção começa com a informação, porém existem muitas dificuldades na abordagem do assunto, em partes pelo tabu que o cerca. Para a transformação do cenário atual, temos que informar os adolescentes, ensinar quais são os comportamentos de risco, os métodos de prevenção, tratamentos e como ocorre a transmissão, para que, talvez, cada vez menos, tenhamos casos notificados de IST em adolescentes.
Paula Munhoz de Barros é estudante do curso de Biomedicina na Uniso e em 2019, com as alunas Ana Carolina Peres Leite e Maria Luiza Amorim Terciani, percorreu várias escolas públicas e particulares da cidade e Região Metropolitana, em parceria com o Centro de Testagens e Aconselhamento (CTA) de Sorocaba, realizando palestras e a testagem de alunos, professores e demais colaboradores.
Orientadores: Éric Diego Barioni ([email protected]), coordenador do curso de Biomedicina na Uniso, e Rômulo Tadeu Dias de Oliveira, doutor em Imunologia e professor nos cursos da Saúde da Uniso.