Sorocaba
Sem lei para ambulância em eventos esportivos
Debate surge após morte de atleta amador em partida de futebol
Competições esportivas são realizadas com frequência em Sorocaba, sejam disputas profissionais ou amadoras, principalmente aos finais de semana. Porém, o município não possui uma lei que exige ambulância de prontidão para esses eventos, ou seja, para socorrer os atletas ou até mesmo o público em caso de acidentes ou problemas de saúde. A discussão foi levantada após a morte de Luan Ribeiro, de 27 anos. O rapaz teve um mal súbito no dia 12 de setembro, quando participava de uma competição de futebol amadora no campo do Corinthinha, no bairro do Éden, na Zona Industrial. O torneio era promovido pelo projeto social “Menino de Ouro”, com sede na zona norte da cidade.
O jornal Cruzeiro do Sul verificou com a Câmara Municipal de Sorocaba e constatou que, em dezembro de 2007, entrou em vigor a Lei de número 8.308, que dispõe sobre a obrigatoriedade de avaliação médica cardiológica dos participantes de campeonatos e competições desportivas. Segundo a determinação, a Prefeitura precisaria exigir documento comprobatório de avaliação médica cardiológica de todos os atletas participantes desses eventos, promovidos ou apoiados pelo Poder Público Municipal. Porém, a lei foi revogada em setembro de 2008.
Convulsão
Em nota, a Prefeitura de Sorocaba informou que as federações e confederações esportivas exigem tais serviços de saúde ao desporto profissional. Como por exemplo, os campeonatos brasileiros de futebol, séries A, B, C e D. Em junho de 2021, São Bento jogava contra o Bangu, no CIC, pela segunda rodada do Brasileiro da Série B, quando aos 45 minutos do primeiro tempo, o atacante da equipe carioca, Caio César, passou mal e teve uma convulsão. Ele foi levado para um hospital por uma ambulância que estava à disposição no local. Ou seja, a lei não se aplica para jogos amadores com poucos participantes. Caso haja algum incidente nesses eventos, é necessário solicitar assistência ao Serviço Municipal de Urgência e Emergência (Samu) que pode ser acionado 24 horas por dia pelo telefone 192.
Estatuto do Torcedor
Ainda no âmbito federal, no Estatuto do Torcedor (Lei 10671/03) consta que os responsáveis por eventos esportivos tem a obrigatoriedade de disponibilizar uma ambulância comum para cada dez mil torcedores presentes à partida. Já em agosto de 2019, a Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei (PL) que pede a obrigatoriedade para organizadores de eventos esportivos disponibilizar pelo menos uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel de suporte avançado nas arenas.
Segundo o PL, a iniciativa pretende evitar episódios de morte súbita por falta de atendimento rápido e efetivo, pois uma simples ambulância não estaria adequadamente equipada para prestar atendimento pré-hospitalar necessário em casos mais graves. Atualmente o projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Morte de atleta
O jovem Luan Ribeiro, de 27 anos, era atleta de futebol amador e participava de uma competição, jogando pela equipe Fut Art. O jogo era contra o Leões da Vila, pelo Campeonato Educacional Menino de Ouro. Durante a partida, o rapaz teve um mal súbito e foi levado até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, mas não resistiu. Segundo amigos e familiares, Luan nunca havia apresentado graves problemas de saúde. (Vanessa Ferranti)
Galeria
Confira a galeria de fotos