Pandemia alavanca negócios e contratações
Luciana Reis destaca que a empresa de segurança já registra crescimento de 18% nos negócios este ano. Crédito da foto: Fábio Rogério (16/6/2020)
Apesar da pandemia do novo coronavírus, alguns setores da economia estão crescendo até 30% e contratando funcionários. Em Sorocaba, pelo menos três setores apresentaram crescimento: segurança, vendas on-line e serviços de comunicação.
Com o fechamento de praticamente todo o comércio por conta da quarentena e do isolamento social, as empresas precisaram se adaptar às novas demandas, com muitos produtos e serviços sendo adquiridos por meio das vendas on-line. E para atender essa necessidade, os empresários precisaram buscar novos serviços e produtos e investir em comunicação digital para chegar aos seus clientes, já que para evitar a Covid-19 muitas pessoas passaram a ficar em suas casas.
As empresas do setor de segurança, por exemplo, que oferecem serviços de portarias remotas e monitoramentos à distância cresceram 30% em 2020, justamente por conta da pandemia. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o principal motivador deste crescimento de mercado é o fator isolamento. “Com a chegada da Covid-19, houve o afastamento de funcionários e também a preocupação da proliferação da doença, o que aumentou a procura pelos serviços de portarias remotas e monitoramentos à distância”, aponta.
Em Sorocaba, uma das sócias de uma empresa especialista no ramo, Luciana Reis, afirma que o negócio já cresceu 18% por conta da pandemia, que provocou aumento na procura pelos serviços. “Infelizmente, com este novo vírus os porteiros estão expostos a um risco maior de contágio e, consequentemente, de transmiti-lo, pois estão em contato constante com diversas pessoas. Eles recebem as encomendas e as repassam e isso precisa ser levado em conta. A portaria remota se torna segura tanto para o trabalhador, quanto para os moradores dos condomínios”, afirma a empresária e sócia da Paktualseg.
Segundo ela, o fechamento do comércio e de empresas foi outro fator que aumentou a procura pelo serviço de monitoramentos à distância. “Muitas empresas estão fechadas e, para evitar furtos, é preciso ter algum tipo de equipamento de segurança. Com isso, tivemos que contratar sete funcionários para dar conta de atender às novas demandas”, disse Luciana.
Já em relação aos condomínios residenciais, por exemplo, a empresária afirma que os empreendimentos optaram pelos serviços de portaria remota para reduzir custos e evitar a contaminação por conta do novo coronavírus. “A portaria e o monitoramento remoto reduzem os custos nos condomínios, então conquistamos novos clientes e contratos. Alem disso, os equipamentos eletrônicos, neste momento, como alarmes, cercas e câmeras, são fundamentais para manter a segurança patrimonial e das pessoas. Aproveitamos o que cada cliente já possui dessa infraestrutura para reforçarmos seus pontos vulneráveis. Com toda a certeza, o monitoramento e a portaria remota são o futuro”, finaliza Luciana.
Contratação também é realidade em empresas de comunicação e TI
A Helpper, da área de TI, contratou recentemente 5 profissionais. Crédito da foto: Divulgação
Algumas agências de comunicação de Sorocaba também precisaram contratar novos profissionais para atender à demanda de pequenas empresas que necessitaram investir na divulgação de suas vendas on-line.
Com o comércio fechado, a saída para as empresas é investir na comunicação digital e vender seus produtos e serviços pela internet. E quem ainda estava fora do mercado on-line teve que contratar um serviço especializado. É o que afirmam pelo menos duas proprietárias de agências de comunicação da cidade, que perderam alguns clientes, mas ganharam outros. Mariane Dalcin atua na área há cinco anos e precisou contratar dois profissionais para atender os novos clientes: um designer e um jornalista. “No início da pandemia perdi alguns contratos por conta do fechamento do comércio em geral, mas ganhei novos clientes com a demanda da comunicação digital”, diz.
Juliana Ferraz necessitou de mais 2 funcionários para atender à demanda. Crédito da foto: Divulgação
O mesmo ocorreu com a agência de Juliana Ferraz, que também contratou um publicitário para atender novos clientes. “Algumas empresas fecharam as portas e perdemos alguns clientes. Porém, por conta da necessidade da comunicação nos meios digitais, as empresas, para existirem nesse momento, precisam estar no mundo digital. Com isso, novos clientes começaram a chegar”, afirma.
A agência de Mariane Dalcin buscou um publicitário no mercado. Crédito da foto: Divulgação
Empresas de Tecnologia da Informação (TI) também cresceram durante a pandemia em Sorocaba e fizeram contratações no mesmo período. É o caso da Helpper, de Sorocaba, que contratou recentemente cinco profissionais. Um dos sócios, Henrique de Castro, afirma que o negócio cresceu mais de 50% por conta da pandemia. “Muitas empresas precisaram de soluções em TI para entrar no comércio digital, entre outros tipos de serviços, e com isso passamos a ter mais demandas e tivemos que fazer contratações”, destaca.
Vendas on-line viram necessidade e lojas físicas buscam se adaptar
O isolamento social e a quarentena ajudaram a impulsionar as vendas on-line e os empresários que ainda estavam fora do comércio digital também tiveram que se adaptar para atender seus clientes. Com as pessoas em casa, novos serviços surgiram e a tendência é que eles permaneçam, mesmo após a pandemia.
Uma plataforma on-line, chamada “O baú do bebê”, que atende Sorocaba, Itu, Salto e outras cidades do Estado, registrou crescimento de 20% na demanda pelo aluguel de seus produtos, nos meses de março, abril e maio, em relação ao ano passado, apesar da pandemia. A loja on-line de locação de produtos para bebês e crianças até 3 anos possui até lista de espera para alguns itens. Por meio da plataforma on-line a pessoa aluga o produto e a loja faz a entrega e a retirada no endereço do cliente.
A Rede Bom Lugar tem feito entrega de cerca de 300 pedidos de compras por dia. Crédito da foto: Reprodução Facebook
Com o crescimento da demanda e o cenário positivo para esse mercado, as duas proprietárias pretendem aumentar a capacidade de produtos disponíveis para aluguel e expandir o serviço para outras regiões do Estado. Planejam ainda, em um futuro próximo, criar diferentes planos para que os clientes possam solicitar os produtos em pacotes de aluguéis mensais, bimestrais e até anuais. Contratações de funcionários também não estão descartadas.
As vendas on-line com entregas em domicílio também aumentaram em torno de 74% nos supermercados na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas). A Rede Bom Lugar foi uma das que implementaram essa modalidade em suas unidades, recebendo demanda de entregar, por meio de um aplicativo de delivery, cerca de 200 a 300 pedidos por dia.
João Paulo Marchetti acredita que serviços de entrega em supermercados chegaram para ficar. Crédito da foto: Manuel Garcia / Arquivo JCS (31/10/2019)
O projeto inicial conta com a participação de 11 das 41 lojas da rede, mas segundo o diretor, a perspectiva futura é que todas passem a operar pelo sistema, inclusive após o período de crise. “A pandemia trouxe uma necessidade por esse serviço e acreditamos que ela será perpetuada após passarmos essa fase difícil”, acredita João Paulo Marchetti.
O setor supermercadista também espera fazer novas contratações, sobretudo por conta das novas demandas criadas por conta da pandemia. Conforme a Apas, 90% dos supermercados associados devem manter ou contratar funcionários. (Ana Cláudia Martins)
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