Veja como funciona o bloqueador de ar, que agora é permitido em Sorocaba
Esquema mostra que a instalação do bloqueador de ar ocorre após o hidrômetro. Crédito da foto: Reprodução
Com a aprovação da Lei Municipal 12.133, que garante ao sorocabano o direito de aquisição e instalação de bloqueadores de ar no cavalete de entrada de água, após o hidrômetro, surgiram dúvidas a respeito de como funciona o equipamento e se tem eficácia comprovada.
Conforme o engenheiro Marco Antônio Gonçalves Pontes, professor da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), que ministra a disciplina de instalações hidráulicas, o bloqueador tem um dispositivo que deixa apenas a água passar, retendo o ar. No entanto, para que a água passe é preciso determinada pressão. Num período de racionamento, em que a pressão da rede acaba sendo reduzida, a água não conseguirá passar pelo bloqueador e a residência pode ficar desabastecida. “O bloqueador pode ser uma faca de dois gumes”, diz Pontes.
A principal dúvida das pessoas é como o bloqueador, estando depois do hidrômetro, consegue fazer com que o ar não seja contabilizado. Marco Antônio explica que é uma questão de física. “Na parte central tem uma pequena haste, que é como uma mola. Quando a água vem da rua, a uma determinada pressão, ela empurra e circula normalmente, não permitindo a entrada de ar.”
Para conseguir compreender melhor, é preciso saber que o ar só é contabilizado pelo hidrômetro se estiver em movimento, passando constantemente pelo cano. Caso contrário, ele não tem passagem, ficando retido, e o aparelho não o registra. Estudos e vídeos disponíveis na internet, de fontes idôneas, explicam sobre o funcionamento desse tipo de bloqueador e podem ser consultados.
Pontes: “faca de dois gumes”. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS
A lei, de autoria do vereador Hélio Brasileiro (MDB), garante um direito que já era do consumidor, mas mesmo assim muitos tiveram problemas por ter instalado o equipamento. A instalação de aparelhos antes do hidrômetro é proibida, em razão de fazer parte da rede pública. Porém, após o hidrômetro, há um entendimento de que a rede é particular, não sendo possível proibir o uso do equipamento. Acontece que, antes da lei, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), responsável pelo abastecimento, retirava o bloqueador das residências.
Saiba preços e diferenças entre dispositivos
Em Sorocaba, os preços de bloqueadores de ar variam de R$ 37,50 até R$ 150, dependendo da marca e do material, se é em PVC ou de metal. Os de PVC são mais baratos, porém considerados menos eficientes. As principais lojas de hidráulica e material de construção da cidade estão abastecidas. Vendedores afirmam que a procura pelo dispositivo vem sendo constante.
Entre as marcas de bloqueadores disponíveis nas lojas, foram mais encontrados os da Easywater (PVC e metal) e da marca Water No Air, mas este só em PVC. Na cidade também há fabricantes e revendedores de determinadas marcas, que vendem em conjunto com a instalação, ao preço médio de R$ 100.
Alguns bloqueadores sofrem falhas e é preciso ter cuidado na compra para não perder dinheiro. Nem todos foram testados ainda, mas para ajudar os leitores na escolha, a reportagem disponibiliza um estudo feito pela Universidade de Brasília, que testou algumas marcas. O link é https://is.gd/XC2Fm8.
Conforme esse estudo, o bloqueador de ar da marca Air Bloch -- que é encontrado na internet por R$ 150 --, foi o que apresentou melhor desempenho em comparação com outras marcas, pois registrou pressão de abertura de 4,18 mca. Isso significa que quanto maior o valor apresentado para a pressão de abertura, maior será também sua capacidade de barrar o ar.
Há variedade de marcas e modelos. Crédito da foto: Reprodução
O HG tem pressão de 1,50 mca. Já os bloqueadores de PVC testados, seja da marca Aquamax ou HG, apresentaram valores baixos de pressão de abertura em relação a outros citados, sendo respectivamente de 0,11 mca e 0,07 mca.
Nenhum dos dispositivos possui qualquer tipo de certificação do Inmetro. A reportagem procurou o instituto para saber se o órgão já avaliou ou irá avaliar o equipamento, mas a resposta foi que “não regulamenta o aparelho”.
Conforme o Inmetro, os hidrômetros devem ser instalados de maneira a estarem permanentemente cheios de água. “Quando não estão recebendo fluxo permanente de água, ficam sujeitos a registrar a passagem de ar e não há como garantir o perfeito funcionamento do aparelho. Neste caso, ficam em desacordo com as condições descritas no regulamento, sendo de responsabilidade da companhia de abastecimento de água estudar soluções junto ao consumidor”, informa o instituto. (Daniela Jacinto)
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