Desmama aumenta o desempenho
Antes de optar por um ou outro sistema de desmame, o mais indicado é avaliar uma série de características. Crédito da foto: Divulgação
A separação física entre o bezerro e a matriz é uma situação que tende a ser traumática para ambos e pode ser considera como a fase mais crítica na vida de um animal em função do estresse provocado e da queda na imunidade, aliado a um menor desempenho em seu ganho de peso e desenvolvimento.
Aos sete ou oito meses de idade, quando a desmama é geralmente realizada, o animal já é independente e pasteja naturalmente, mas é afetado diretamente em seu bem-estar por aspectos relacionados à ansiedade e angústia. É possível constatar a agitação do par vaca-bezerro, os animais não se alimentam direito, há vocalizações, as vacas derrubam cercas para chegar aos bezerros e vários outros desafios.
Equivocadamente, muitos criadores deixam para aplicar várias das vacinas importantes justamente nesta fase, deixando para o período maternal, entre os três a cinco meses de idade, apenas as vacinas de aplicação obrigatória onde está as contra febre aftosa, brucelose nas fêmeas e a de raiva, quando indicado para as áreas endêmicas.
“Mas o pulo do gato para uma desmama e pós-desmama com maior saúde está em fazer um manejo profilático mais completo na fase maternal, que coincide com a etapa de transição entre o fim da imunidade passiva transmitida pela mãe para aquela adquirida por seus próprios meios através do contato com agentes externos, como microrganismos patogênicos e vacinas”, enfatiza a médica veterinária Vanessa Felipe de Souza, pesquisadora da área de sanidade animal da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande/MS. A intenção, como explica, é não deixar o bezerro sem proteção, para que chegue à fase de desmame com uma imunidade satisfatória, caso não haja nenhum intercurso no caminho.
Quanto à técnica de desmame em si, a veterinária reconhece que é um tema controverso, sugerindo que o mais indicado seja, antes de optar por um ou outro sistema, que se avaliem as características dos animais, como se estão tranquilos ou mais reativos, quais as condições logísticas dos pastos, cercas, fontes de água, capacitação da mão-de-obra, quantidade de animais, dentre outros. Também sugere que se escute o que os tratadores têm observado e a sua experiência para que se chegue a um bom termo quanto à técnica que possa ser a mais adequada para aquela propriedade e que traga menos traumas aos animais. É possível que uma técnica de desmame funcione muito bem em uma propriedade e seja completamente inadequada em outra.
Vacinas e parasitas
Um dos problemas sanitários mais comuns nas primeiras semanas de vida são as diarréias e para evitá-las, as mães deverão ser vacinadas contra este problema sempre seguindo as recomendações do veterinário que atende à propriedade. Ao nascer, a pesquisadora da Embrapa aponta que as falhas mais comuns de manejo são a de não dar a devida atenção ao bezerro em termos de higiene, cura de umbigo e ingestão de colostro.
Em relação às vacinas a serem aplicadas, além das obrigatórias, estas dependerão de uma avaliação da propriedade e a posterior recomendação por um técnico. Ele poderá contemplar as contra as clostridioses, leptospirose, IBR e BVD (rinotraqueite infecciosa bovina e diarréia viral bovina, respectivamente na siga em inglês).
A desverminação terá início no maternal, assim como o controle de carrapatos unicamente quando muito parasitados. A veterinária afirma que se deva providenciar testes de resistência com os produtos a serem utilizados pois a questão virou problema por uso inadequado. Também é recomendado que, periodicamente, se execute testes de eficácia dos anti-helmínticos antes do início dos tratamentos.
É preciso considerar que a incidência de problemas sanitários guarda relação com o clima (mais calor favorece ectoparasitas e mais frio problemas respiratórios), como também o estado nutricional e raças, por exemplo, com as zebuínas se mostrando mais tolerantes aos parasitas. A taxa de lotação também interfere, pois quanto maior ela for, maior será a possibilidade de contato e a transmissão, enquanto que nos sistemas extensivos o trabalho de acompanhamento dos tratadores determinará a rapidez no atendimento das ocorrências.
Na desmama, além de continuar a desverminação e o controle de carrapatos, terá início o combate às mosca-dos-chifres.
Com informações de Luiz H. Pitombo/CeO Agro
*Denis Deli é jornalista, especializado em agronegócio, Pós-Graduado em Produção e Reprodução de Ruminantes.