Prato caro
Preço da cesta básica sorocabana sobe o triplo da inflação em abril
Alho, sabão em barra, leite em caixinha e achocolatado são os produtos que tiveram as maiores altas no mês passado
O preço da cesta básica sorocabana em abril de 2023, quando comparado com o mês anterior, apresentou aumento de 1,87%. O valor desembolsado passou de R$ 1.036,62 para R$ 1.056,06, ou seja, R$ 19,44, a mais. Os produtos que mais subiram foram leite em caixinha, ovos, feijão e batata.
Conforme a pesquisa elaborada pela Universidade de Sorocaba (Uniso), o aumento do custo da cesta básica no mês passado foi maior do que o triplo do índice de inflação oficial (IPCA-15), que apresentou alta de 0,57% no mesmo período.
Para o coordenador da pesquisa, o professor e economista Marcos Antonio Canhada, no mês passado, a quantidade de itens que sofreram aumento de preço foi bastante elevada, não sendo identificada uma causa específica para esse fenômeno.
“Apenas sete itens apresentaram queda de preços, a qual foi relativamente pequena. Esse realinhamento de preços precisará ser observado nos próximos meses, pois o mês de abril rompeu a tendência de queda de preços da cesta básica, que vinha sendo observada desde janeiro”, destaca.
Já o coordenador do Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Uniso, professor Renato Vaz Garcia, afirma que, ainda assim, no acumulado do ano, o preço da cesta básica ficou menor que o IPCA-15. “A relativa estabilidade no preço da carne apontada nos últimos meses, e também verificada em abril, continua sendo fator importante para o controle do preço da cesta básica nesses primeiros meses do ano”, ressalta.
No entanto, quando comparado com o mesmo mês do ano anterior (abril de 2022), o preço da cesta básica sorocabana teve uma queda de 2,52%, ou seja, R$ 27,28 a menos.
De acordo com o levantamento, os grupos que compõem a cesta básica sorocabana apresentaram, em abril de 2023, as seguintes variações de preço em relação ao mês anterior: alimentação (1,72%), limpeza (2,74%) e higiene pessoal (2,80%).
27 produtos subiram
Segundo a pesquisa, no mês passado, os produtos que tiveram as maiores altas de preços foram: alho (21,75%), sabão em barra (9,34%), leite em caixinha (8,42%) e achocolatado (7,26%). Em contrapartida, os produtos que apresentaram maiores quedas foram: muçarela (-2,51%), sabão em pó (-2,50%), farinha de trigo (-0,89%) e frango (-0,59%).
Dos 34 itens pesquisados, 27 deles apresentaram alta no preço no período. O leite em caixinha, por exemplo, passou de R$ 4,90 o litro para R$ 5,31. Os principais motivos para o aumento são o clima e a demanda interna.
Conforme pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a inversão na tendência do preço deve-se a um cenário de oferta reduzida de leite no campo. “Com a oferta de leite limitada, a competição das indústrias pela compra de matéria-prima acirrou-se em março, levando, por conseguinte, à retomada dos preços pagos ao produtor em abril. Além disso, o avanço da entressafra da produção leiteira é, sazonalmente, um fator de desequilíbrio entre oferta e demanda e, portanto, de elevação de preços entre março e agosto. Contudo, neste ano, essa situação tem sido agravada por conta da valorização considerável e contínua dos grãos, principais componentes dos custos de produção da pecuária leiteira”, destaca o Cepea.
Outro aumento que teve reflexo importante na mesa do sorocabano foi o dos ovos. No período, a dúzia passou de R$ 10,27 para R$ 11,01, ou seja, 7,25%. O quilo de feijão também sofreu elevação significativa de preço no mês passado. Segundo a pesquisa, passou de R$ 9,69 para R$ 10,27, o que representa um aumento de 6,02%.
No caso do feijão, a baixa oferta do tipo carioca de melhor qualidade e do tipo preto explica as altas no varejo. A batata foi outro item da cesta básica que pesou no bolso do consumidor sorocabano em abril deste ano. O quilo passou de R$ 5,27 para R$ 5,48 no período, isto é, aumento de 3,98%.
Alternativas
Para economizar e fugir dos aumentos, o balconista Ricardo Nogueira, 53 anos, afirma que costuma comprar somente os produtos que estão em promoção ou com preço “normal”, além de aproveitar ofertas em mais de um supermercado de Sorocaba. “Quando o preço está bom ou em promoção, levo sempre mais de uma unidade. Já os que aumentaram deixo de comprar naquele momento e aguardo baixar ou entrar em promoção”, diz Nogueira, acrescentando que ainda substitui produtos caros por outros com preços mais em conta. (Ana Claudia Martins)
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