Um total de 110 condomínios foram lançados em Sorocaba em apenas quatro anos. Entre 2020 e 2023, houve a instalação de 99 empreendimentos verticais (prédios) e de 11 horizontais (casas). Com isso, o número atual de conjuntos residenciais fechados no município chega a 6.376. Os dados são da Secretaria Municipal de Planejamento e Projetos (Seplan). Para especialistas do setor, esse crescimento se deve ao cenário favorável vivido pelo mercado imobiliário sorocabano em geral.

Segundo a Seplan, em 2020, foram lançados 48 residenciais, sendo 42 verticais e seis horizontais. No ano seguinte, as construtoras anunciaram 32 empreendimentos (30 verticais e dois horizontais). Em 2022, mais 26 lançamentos entraram na lista (24 verticais e dois horizontais). Neste ano, até o momento, quatro já foram anunciados, sendo três verticais e um horizontal. 

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, a ascensão de condomínios em Sorocaba está relacionada, principalmente, ao fato de a cidade ser um polo industrial. Conforme ele, a grande quantidade de indústrias já instaladas e a constante vinda de novas plantas atrai muitos moradores de outras regiões para o município.

Para Viana Neto, o poder aquisitivo da população também motiva as empresas a investir em lançamentos. Outros aspectos são as características do município propícias para construções, a exemplo do clima e da topografia. “Tudo o que se lança, vende”, afirmou.

Pandemia influenciou

Viana Neto diz que, devido à ação do home office durante a pandemia de Covid-19, diversas pessoas migraram, sobretudo, da capital paulista para o interior. Isso, consequentemente, também beneficiou o ramo imobiliário. “As pessoas se mudaram, gostaram (de Sorocaba) e estão ficando”, explicou.

Nesse sentido, o presidente da Associação dos Corretores e Empresas Imobiliárias de Sorocaba (Aceiso), Harley Assumpção Mena, acredita que diversos paulistanos decidem morar na cidade em razão da infraestrutura semelhante à da Capital, mas com mais segurança e qualidade de vida. Além disso, o custo de vida no território sorocabano é menor. Conforme Mena, a distância relativamente curta entre Sorocaba e São Paulo -- cerca de 100 quilômetros -- é mais um fator preponderante para esse público.

Apartamentos lideram

Segundo Mena, os compradores, sejam sorocabanos ou de outros lugares, buscam, especialmente, apartamentos, tanto para compra, quanto para locação. As razões centrais, acrescenta ele, são a segurança e a gama de serviços comumente oferecidos pelos prédios. “Hoje, quando a pessoa compra um imóvel, ela também busca um empreendimento com área de lazer, para não precisar se deslocar”, apontou.

Para Viana Neto, a série de facilidades oferecidas pelos empreendimentos é, justamente, a principal vantagem de se morar em residenciais. Hoje, alguns possuem, além de área de lazer, academia, mercado, salões de festa, beleza e jogos, espaços específicos para crianças e animais, quadras esportivas, dentre outros atrativos.

Mena ainda indica as melhores condições para aquisição de apartamentos como outro motivo da preferência por essa unidades. “Os empreendimentos verticais têm maior facilidade e oferta de financiamentos imobiliários”, pontuou.

Taxas e regras

Por outro lado, o presidente do Creci frisa que os serviços e ambientes diversificados elevam o valor da taxa condominial. Dessa forma, considera as altas tarifas como a maior desvantagem para os moradores. Por isso, aconselha o interessado em adquirir imóvel em condomínio a avaliar se o custo adicional cabe no orçamento e se vale a pena. Já o representante da Aceiso lembra ser necessário levar em conta, igualmente, valores extras para manutenção das áreas comuns e de novas obras. Da mesma maneira, é preciso saber que regras específicas, impostas pela administração do condomínio, terão de ser obrigatoriamente respeitadas.

Cidade atrai cada vez mais empreendimentos

Empresas construtoras confirmam que Sorocaba é uma cidade propícia para a instalação de condomínios. Dos 110 lançados entre 2020 e 2023, 14 pertencem à Planeta, sendo todos verticais. A empresa lançou três empreendimentos em 2020; sete em 2021; três em 2022; e um nos cinco primeiros meses de 2023. Há previsão de lançamento de mais quatro até o fim deste ano, totalizando 18 em quatro anos.

Hoje, a construtora possui 49 residenciais na cidade, com 3.077 unidades habitacionais entregues. Em 2023, serão entregues mais 394 apartamentos em três empreendimentos lançados em anos anteriores e que ainda estão em construção. Com isso, o total subirá para 3.471 unidades. Já os quatro residenciais a serem lançados até o fim do ano contarão, ao todo, com 1.069 apartamentos.

Para o diretor comercial e diretor de marketing da Planeta, Caio Evaristo Fernandes, o aumento populacional é um dos principais fatores que motivam as empresas do setor imobiliário a investir no município, sobretudo, em prédios. Isso porque, complementa ele, o crescimento no número de munícipes significa, consequentemente, mais gente precisando de moradia. “No mínimo, dez mil novos habitantes surgem a cada ano em Sorocaba, em função de novos arranjos familiares, como casamentos e nascimentos, dentre outros”, apontou.

Preço atraente

Fernandes também cita os preços dos apartamentos na cidade -- que são menores em comparação com outras localidades --, como outro impulsionador do êxito nas vendas. Ele considera ainda este um dos maiores atrativos para os compradores. “O valor por metro quadrado em Sorocaba ainda está abaixo de outras cidades com tamanhos semelhantes no interior de São Paulo e muito abaixo da capital paulista”, afirmou.

Já a Visconde Construtora lançou dois condomínios no município em 2021. Depois, iniciou a fase de ampliação de um deles em 2022 e uma nova etapa em 2023. Juntos, eles terão 936 apartamentos. A empresa possui outro residencial em Sorocaba, lançado em 2014, com 417 entregues. Segundo o gerente comercial e diretor de vendas, Rodrigo Ribas de Almeida, a lista de aspectos favorecedores do mercado, inclui, igualmente, a diversidade de públicos interessados em comprar imóveis. “São dois nichos muito fortes: o jovem de 20 a 30 anos, que está começando a vida, que vai se casar e quer comprar o primeiro imóvel, e, também, o perfil investidor, dos 35 aos 50 anos”, elencou. Ele ainda cita o fato de, no interior, as pessoas recomendarem os condomínios para outras.

Além disso, Almeida diz perceber uma crescente adesão ao minimalismo no município, motivando as famílias a procurar moradias menores. Por isso, assim como Caio Fernandes, ele informa que a demanda por apartamentos é a maior e não para de crescer. “As pessoas não querem mais aquela casa de 200 metros quadrados com quintal. (Agora) elas estão buscando praticidade”.