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Deficiência auditiva

Você conhece o implante coclear?

Essa tecnologia tem melhorado a qualidade de vida de milhares de pessoas com deficiência auditiva severa no mundo

14 de Julho de 2021 às 00:08
Cruzeiro do Sul [email protected]
Apesar de cara, a cirurgia do implante coclear e o processador de som são fornecidos pelo SUS e cobertos pelos planos de saúde
Apesar de cara, a cirurgia do implante coclear e o processador de som são fornecidos pelo SUS e cobertos pelos planos de saúde (Crédito: Divulgação)

Segundo dados do “Censo Demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7 milhões de brasileiros têm deficiência auditiva, representando 5,1% da população do país. Do total, 2.147.366 apresentam deficiência auditiva severa, com perda entre 70 e 90 decibéis (dB), não podendo se beneficiar com o uso de próteses auditivas convencionais.

De acordo com o médico otorrinolaringologista Ricardo Ferreira Bento, coordenador do Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (FMUSP) e um dos pioneiros em implante coclear no Brasil, cerca de 600 mil pessoas com deficiência auditiva severa no mundo, sendo 10 mil deles brasileiros, fazem uso do implante coclear (inserido cirurgicamente dentro dos ouvidos dos pacientes) e do processador de som para conseguirem escutar.

Em outras palavras, o objetivo do chamado “ouvido biônico” é substituir o ouvido interno dos surdos.
“O implante estimula o nervo auditivo através de pequenos eletrodos que são colocados dentro da cóclea (órgão responsável pela audição). Esses eletrodos são ligados a um receptor fixado embaixo do couro cabeludo, também atrás da orelha, fazendo com que a audição seja recuperada”, explica Bento, acrescentando: “Esse equipamento interno se conecta com uma unidade externa, composta por um processador de fala, uma antena e um microfone, por meio de um ímã que garante a fixação na orelha”.
Ainda segundo o especialista, quanto antes as pessoas com deficiência auditiva severa realizarem o tratamento, melhor, evitando que haja um atraso no desenvolvimento da linguagem e do cérebro, principalmente em crianças.

Apesar de custar em torno de R$ 70 mil, a cirurgia do implante coclear e o processador de som são fornecidos pelo Sistema único de Saúde (SUS) e cobertos pelos Planos de Saúde.

“É indicado que crianças surdas entre 6 meses e 2 anos coloquem o implante para não perderem a fase da vida na qual é muito importante ouvir. Adolescentes e adultos que esperam mais de 20 anos para fazer a cirurgia, por exemplo, terão resultado abaixo do esperado porque o cérebro está todo esse tempo sem ser estimulado e não entende mais o que é para fazer”, conta Ricardo. “A gente escuta com o cérebro, não com o ouvido. O ouvido é um órgão periférico que alimenta o cérebro de informações. Se o cérebro não estiver funcionando, de nada adianta”.

Denis Deli é jornalista e palestrante, especializado em Inclusão da Pessoa com Deficiência

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