Inclusão
Brincar também é uma forma de inclusão
Toda criança com deficiência tem direito à diversão e à integração social
Especialistas em desenvolvimento infantil são unânimes ao afirmar que criança que se sente incluída nas atividades desde a infância tem todas as condições de se tornar um adulto mais feliz e evoluído, físico e mentalmente. Por isso é tão importante simplesmente deixá-las brincar.
Foi pensando nesse direito básico da criança com deficiência que, em 2017, foi criada a Lei nº 13.443/17, originária do Projeto de Lei do Senado (PLS) 219/2014, aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) em 9 de setembro de 2015. A normativa determina que, no mínimo, 5% dos brinquedos localizados em espaços de uso público devem ser obrigatoriamente adaptados para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O decreto abrange vias públicas, parques e demais espaços de uso público existentes.
Todo mundo acha legal a ideia de brinquedos adaptados, só que na hora de comprar efetivamente, ninguém quer por a mão no bolso. Na teoria deveria existir uma demanda grande, com prefeituras equipando as praças públicas, escolas, Apaes etc.
Só que na prática isso não acontece e a justificativa é sempre a mesma: falta de verba. Então tudo fica apenas nas boas intenções e nada mais. Assim, vai se criando uma longa distância entre aquilo que a lei determina e aquilo que, de fato, é feito.
A questão dos brinquedos adaptados é só mais um exemplo de como a inclusão das pessoas com deficiência não é prioridade, nem mesmo quando ela é garantida por lei.
Um exemplo de idealismo, amor ao próximo e superação
Mas quando o poder público se omite, é preciso contar com a boa vontade da iniciativa privada. E, felizmente, elas existem!
São Paulo, a maior cidade do Brasil, teve o seu primeiro playground acessível inaugurado em janeiro de 2014, no bairro da Mooca, zona leste, fruto de uma história comovente. Após perder sua filha, a pequena Anna Laura, em um trágico acidente de carro, o empresário Rudi Fischer decidiu fazer algo que ao mesmo tempo a homenageasse e gerasse impacto positivo na sociedade.
Durante uma viagem para Israel, Rudi conheceu um playground que tinha um escorregador acessível. A partir daí teve a ideia de construir um parque inclusivo, o Ana Laura Parque Para Todos (Alpapato). O objetivo era criar brinquedos adaptados utilizando recursos próprios e depois os doar para até quatro parques acessíveis por ano.
Com a ajuda de arquitetos, designers, terapeutas da AACD e engenheiros voluntários, o Projeto Anna Laura Parque Para Todos disponibiliza espaços estruturados que proporcionam alegria, integração e desafios para todos, pois é composto por recursos lúdicos que propiciam às crianças com e sem deficiência a possibilidade de compartilharem experiências.
Denis Deli é jornalista e palestrante, especialista em inclusão da pessoa com deficiência.