Orçamento doméstico
Hábitos simples ajudam a economizar em casa
Especialistas e donas de casa dão dicas para diminuir a contas de energia elétrica
Em épocas de inflação alta, como a atual, muitos fatores podem desequilibrar o orçamento doméstico. A boa notícia é que algumas mudanças de hábito e o controle dos gastos podem fazer muita diferença na hora de fechar as contas do mês.
Heverton Bacca, coordenador do curso de engenharia elétrica do Centro Universitário Facens, explica que atitudes simples, como otimizar o uso dos aparelhos domésticos, podem ser adotadas por todas as pessoas. Ele cita como exemplo a economia possível no dia a adia com os equipamentos que mais consomem energia em uma residência, como geladeira, chuveiro elétrico, máquina de lavar roupas, climatizadores de ambiente e ferro de passar roupas.
Segundo Heverton, no inverno, uma tendência é as pessoas prolongarem os banhos quentes e deixarem os chuveiros elétricos regulados na temperatura mais elevada. Para economizar, deve-se adotar banhos mais curtos, pois além resultarem em consumo menor de energia, colaboram para manter os níveis dos reservatórios de água, o que é muito importante para a sustentabilidade. “Mais de 60% da energia elétrica do País é oriunda de hidrelétricas, portanto, vale a pena pensar na perspectiva de economia de energia e também na economia de água, sempre que possível”, explica.
Heverton também lista outras atitudes que podem levar a uma economia relevante na conta de luz, como, por exemplo, acumular o máximo de roupa suja para lavar e passar de uma só vez, evitando o uso constante da máquina de lavar e do ferro de passar roupas; usar lâmpadas de led; buscar entender a conta a conta de luz, identificando hábitos inadequados e, assim, ter uma melhor perspectiva de economia; e, se possível, instalar sistemas de geração de energia fotovoltaica (luz solar).
“Lembrando que, a partir do dia 6 de janeiro de 2023, quem não instalar sistema elétrico fotovoltaico na residência passará a receber cobrança de taxa de distribuição, que começará em 15% e irá até 30%, com o passar dos anos”, complementa Heverton.
Controlando os gastos
A aposentada Ivone Caserta, de 83 anos, é um exemplo de dona de casa que adota alternativas pensando em colaborar com um mundo mais sustentável, além de diminuir o desperdício. A água retida da máquina de lavar roupas depois de cada lavagem, por exemplo, é a mesma que ela usa para lavar o quintal e a garagem da residência. Como mora sozinha, Ivone opta por cozinhar os alimentos que irá consumir durante a semana de uma só vez, congelando separadamente as porções diárias de cada refeição. Essa escolha faz com que um botijão de gás de cozinha dure até seis meses, segundo a aposentada. Além disso, como gosta de cozinhar, ela prefere fazer com as próprias mãos um produto que, industrializado, ficaria mais caro no orçamento. “Minha filha trouxe para mim um pedaço de bolo que custou R$ 10, com muito menos eu faço o mesmo bolo”, exemplifica Ivone.
Do controle dos gastos domésticos também entende a enfermeira Fernanda Vieira, 47 anos. Assim como Ivone, Fernanda reaproveita a água usada para lavar as roupas e também utiliza a água da chuva, que acumula em baldes, para lavar o quintal. Além dos banhos rápidos, ela sempre está atenta a pequenos vazamentos e torneiras quebradas. “Uma torneira gotejando por 24 horas causa um gasto imenso”, lembra Fernanda, que também costuma optar por ingredientes naturais na hora de cozinhar, o que segundo ela, é mais barato e deixa os pratos mais saborosos.
O coordenador do curso de economia da Universidade de Sorocaba (Uniso), Renato Garcia, enfatiza a importância das famílias manterem o controle e a racionalidade nos gastos diante da inflação e das altas taxas de juros: “O consumidor deve evitar gastos desnecessários, adiar alguns gastos e, na medida do possível, procurar trocar produtos e marcas em busca dos mais baratos”.
Garcia destaca a necessidade do consenso familiar no enfrentamento desse período que, segundo ele é passageiro, bem como a importância da educação financeira em tempos que se faz necessário poupar: “Infelizmente, para boa parte da população isso pode ser muito difícil, mas se o consumidor conseguir guardar o mínimo que seja por mês, já significa que ele gastou menos do que ganhou naquele mês, e isso já é uma coisa muito boa. É fundamental tratar o assunto dinheiro com muita seriedade”, explica. (Cezar Ribeiro - programa de estágio)
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