Press Enter and then Control plus Dot for Audio
Sorocaba, Sexta-feira, 11 de Abril de 2025

Buscar no Cruzeiro

Buscar

Manifestação

Bolsonaro manda recado ao Congresso na Paulista

Ex-presidente reúne aliados em defesa de anistia a envolvidos no 8 de Janeiro

07 de Abril de 2025 às 22:26
Multidão de apoiadores de Jair Bolsonaro tomou a avenida
Multidão de apoiadores de Jair Bolsonaro tomou a avenida (Crédito: MIGUEL SCHINCARIOL)

Na primeira manifestação de rua após se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse no domingo (6), em São Paulo, que as acusações contra ele são fruto de perseguição política, atacou o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mandou recados ao Congresso sobre o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro.

Em um discurso de cerca de 25 minutos para apoiadores reunidos na avenida Paulista, o ex-presidente afirmou que quem sofreu um golpe foi ele, ao ser derrotado na eleição de 2022, e que a manutenção de sua inelegibilidade em 2026 significaria “escancarar a ditadura no Brasil”. Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Vamos falar quem deu golpe em outubro de 2022? Quem tirou Lula da cadeia? O cara condenado em três instâncias por corrupção, por lavagem de dinheiro, é tirado da cadeia. Quem descondenou o Lula para ele fugir da (Lei da) Ficha Limpa? Os mesmos”, disse ele. “O golpe foi dado, tanto é que o candidato deles está lá.”

O ex-presidente voltou a afirmar que seus adversários o querem “morto” e que sua saída do Brasil, em dezembro de 2022, sem reconhecer o resultado das urnas, foi medida de autoproteção. “O golpe deles só não foi perfeito porque eu saí do Brasil em 30 de dezembro de 2022. Se eu estivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro, ou assassinado por esses mesmos que botaram esse vagabundo na Presidência. Estou no caminho deles. Se acham que vou desistir, fugir, estão enganados. O que os canalhas querem é me matar.”

Aliados

O ato na Paulista para pressionar por uma anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023 contou com a presença de sete governadores, além de parlamentares e outros aliados. Foram à Paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Melo (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Wilson Lima (União Brasil-AM), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também marcaram presença.

Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. defenderam uma anistia. “Quero prisão para assaltante, para quem rouba celular, para quem invade terra e para corrupto”, disse Tarcísio em discurso. Segundo ele, se ovo, carne e outros alimentos estão caros, é porque Bolsonaro precisa voltar.

Ao chegar ao ato, Caiado afirmou que o 8 de Janeiro é indefensável, mas que as penas são desproporcionais. “É isso que estamos buscando: justiça, mas sem ser uma ação do Estado que venha punir como se fosse um gesto de vingança”, disse o pré-candidato à Presidência em 2026.

A manifestação foi marcada por referências à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou “Perdeu, mané”, com batom, a estátua da Justiça, durante o 8 de Janeiro. Moraes propôs pena de 14 anos de prisão para ela, que está em prisão domiciliar.

Bolsonaro levou ao caminhão de onde discursou a mãe e a irmã de Débora. “Não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe de dois filhos a pena tão absurda por um crime que ela não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi tentativa armada de golpe militar”, disse ele.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) também discursou. Ela disse que a cabeleireira deveria ser punida como um pichadora comum, a uma pena que não resultaria em prisão. “Não houve golpe”, afirmou Michelle.

Câmara

Durante o ato, os manifestantes fizeram coro de “Fora, Moraes” e criticaram a condução da proposta de anistia pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Bolsonaro evitou esboçar reações. O pastor Silas Malafaia, por sua vez, afirmou que Motta está “envergonhando o honrado povo da Paraíba” por não se empenhar a favor do projeto de lei da anistia.

Motta disse ontem (7) defender a “sensibilidade” com relação a eventual “exagero” nas punições aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo)